NA REDE DA CONSCIÊNCIA
COVARDE NÃO DORME NELA
Este mote é solicitado com frequência nas cantorias do Nordeste e muito se tem procurado descobrir de quem é sua autoria. Na verdade, este mote é uma criação do poeta Pedro Ernesto Filho e foi cantado pela primeira vez no festival de violeiro promovido na cidade do Barro-CE, em julho de 1986, numa promoção do autor e do repentista Raimundo Mulato. Assim, a glosa destas estrofes e sua publicação tem como finalidade maior esclarecer este fato.
Recordo um casal adulto
na guarda de uma criança
que matou a esperança
cometendo um crime oculto;
quem não se lembra do vulto
do corpo da Isabela!
jogado pela janela
nos lençóis da violência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.
É comum se vê gestor
que não investe em escola,
criando bolsa e sacola
pra conquistar eleitor,
pra fazer seu sucessor
constitui sua panela,
e as mães pobres da favela
parindo na emergência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.
Uma dupla de vaqueiro,
dois potros Quarto de Milha
e uma sofrida novilha
jejuada o tempo inteiro;
pra ganhar fama e dinheiro
vaqueiros dão show na sela
e a novilha magricela
é quem sofre a consequência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.
O poeta violeiro
que canta fazendo ensaio
e descarrega o "balaio"
nas costas do companheiro,
na divisão do dinheiro
a feição fica amarela,
e um tossido na goela
festejando a indecência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.
A Nação não explicou
como Getúlio morreu,
nem como a pane se deu
quando Castelo voou,
Wlisses ninguém achou,
Jangular foi na "banguela",
Tancredo pegou na vela
às vésperas da presidência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.
A história é sempre essa
de um rapaz conquistador
e que alimenta um amor
com mentira e com promessa,
a moça assim se interessa
e ele não casa com ela,
até a família dela
vai perdendo a paciência
- Na rede da consciência
covarde não dorme nela.