QUANDO MORRE UM POETA NORDESTINO
NASCE UM PÉ DE SAUDADE NO SERTÃO.
Na manhã do dia 06 junho de 2010, ao saber da morte do grande poeta Diniz Vitorino, Pedro Ernesto, por sugestão do poeta Ademar Macedo, de Natal-RN, glosou o mote que segue.
Quando um vate de nome e de cartaz
dá adeus a seus fãs e deixa a terra,
uma neve de dor envolve a serra
e os poetas que ficam perdem a paz,
a viola, sequer, se afina mais
e a poesia recita o seu refrão
como quem presta a última informação
pondo a culpa na ordem do destino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
A canção erudita se entristece
e o luar de repente perde a cor,
quando a morte carrega um cantador
a cultura por si se desconhece,
a platéia chorosa permanece
enfrentado o calor da emoção
se pudesse se opor dizia não
mas conhece a grandeza do Divino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Uma voz no espaço triste diz
foi embora um poeta renomado,
todo pé de parede tem gravado
um poema da lavra de Diniz,
só o tempo restaura a cicatriz
que este fato gerou na multidão,
é possível encontrar em cada oitão
o sabor do seu verso cristalino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Destacou-se entre os grandes sonetistas,
conterrânio de Pinto do Monteiro,
Pernambuco, o seu solo derradeiro;
detentor de prestígio e de conquistas,
um parceiro afinado dos Batistas
que só deu alegria à profissão,
carregava no ritmo do baião
um estilo arrojado, raro e fino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Vários livros por ele publicados,
escreveu sobre temas sociais,
campeão em diversos festivais,
deu trabalho a poetas preparados,
o Nordeste acumula em seus estados
os efeitos cruéis da solidão,
seja casa de taipa ou casarão
já ouviu, do Diniz, a voz de sino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Deu sucesso duplando com Bandeira,
deixou brilho cantando com Xudu,
semeou no sertão do Pajeú
o melhor da poesia brasileira,
mas a morte precoce e traiçoeira
resolveu do poeta lançar mão,
e lá no céu os colegas que estão
o recebem com festa, graça e hino
- Quando morre um poeta nordestino
nasce um pé de saudade no sertão.
Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 07/06/2010
Alterado em 09/06/2010