ASSARÉ E SUA HISTÓRIA
Estes versos foram produzidos por ocasião das festividades de aniversário do poeta Patativa. Seu autor é natural da cidade do Barro, advogado e procurador do Banco do Nordeste. No momento, mora em Juazeiro do Norte, é membro da Academia dos Cordelistas do Crato e pertence ao Instituto Cultural do Vale Caririense. Em visita à cidade de Assaré, no dia 03 de março de 2007, na praça principal, Pedro Ernesto Filho, ao meio de uma apresentação artística, entendeu ser esta a melhor forma de homenagear o poeta maior e assim disse rimando sobre a terra natal do aniversariante.
A Deus peço inspiração
implorando o dom da fé,
entro no mundo das rimas
para saber como é
que se diz no verso puro
como surgiu Assaré
Olho o povo, avisto a sé,
vejo a Serra de Santana,
busco o mistério semântico
da arte interiorana,
sentindo o calor poético
da terra patativana.
Esta terra tão humana
antes da povoação,
tinha várzea e escalvados,
nua de vegetação,
porém pastagem rasteira
tomava conta do chão.
Eram pequena exceção
carnaúba e oiticica,
moitas grandes de pereiro
onde hoje Assaré fica
constituíam moradas
da codorna e da peitica.
Mas demonstrava ser rica
pela própria vocação,
grande número de olhos-d’água
albergava a região
e isto favorecia
o mundo da criação.
Surgiu aí a intenção
de Alexandre Pereira ¹
que adquiriu facilmente
toda terra da ribeira
e se instalou com a família
montando a arte campeira.
Naquela vida roceira
explorou gado bovino,
criação de ave e porco,
muar, ovelha e caprino,
se tornando conhecido
por todo chão nordestino.
Teve a fazendo o destino
de tornar-se um pouso certo
dos transeuntes da época
por ficar de tudo perto
um cruzamento de estradas
formando um caminho aberto.
Era um triângulo liberto
de acesso ao Cariri,
Pernambuco, Rio Grande,
Paraíba e Piauí,
um verdadeiro entreposto
que se instalou por ali.
Foi quando Alexandre aí
pensou numa melhoria,
fez diversas doações
em toda periferia,
reservando a do orago
da futura freguesia.
Depois algo acontecia
que ajudou ao povoado,
foi o Marcha de Caxias,
grupo voraz deste Estado,
que se opondo ao Piauí
ficou nele aquartelado.
Buscando ser elevado
a bom distrito de paz,
a revolução Madeira
o Cariri não quis mais,
e assim foi campo de luta
de corcunda e liberais,
Como Distrito de Paz
conseguiu se consagrar,
a Câmara São João do Príncipe
fez cessão para indicar
como juiz do distrito
o Tamiarana Alencar.²
Para o povo do lugar
ficar mais firme e feliz,
na era de oitocentos
conforme a história diz
no ano quarenta e dois
iniciou-se a matriz.
Dois anos depois se quis
outra construção na flora,
foi da barragem Bangüê
porém reformada outrora,
hoje carregando o nome
de Açude Nossa Senhora.
Uma decisão ancora
o que seu povo queria,
oitocentos e cinqüenta
uma lei nova dizia:
Assaré ganha o comando
da sede da freguesia.
Na mesma norma se lia
um parágrafo necessário,
nomeando entre os católicos
a título de mandatário
José Tavares Teixeira
como o primeiro vigário.
Já faz mais de um centenário
que seu nome teve afinco,
se livrou de Saboeiro
ganhou limites, fez trinco,
foi na era de oitocentos
no ano sessenta e cinco.
A lei que deixou o vinco
do município criado,
foi onze - cinqüenta e dois
julho foi o mês sagrado,
o dia foi dezenove
do ano mencionado.
Fez história no passado
e hoje mantém tradição,
vinte e três mil habitantes
é sua população;
e setecentos milímetros,
sua precipitação.
Seus belos distritos são
o Amaro e Aratama,
o seu folclore é robusto
e o seu passado tem fama,
seu povo é trabalhador
e bem visto por quem o ama.
Ao norte - Antonina chama,
Tarrafas lhe faz fronteira,
ao sul - Potengi, Santana,
ao leste - com Altaneira,
ao oeste - Campos Sales
na divisão derradeira.
É bela a sua bandeira,
são vivazes suas cores,
seus abaixados são férteis,
seus campos produzem flores
e tem como padroeira
Nossa Senhora das Dores.
Seu povo mostra valores
na construção literária,
mil e cento e vinte e sete ³
quilômetros - é sua área;
sua economia básica,
agricultura e pecuária.
Na produção literária
tem verso, piada e loas,
seu turismo está no Açude
e Barragem de Canoas,
e o Serrote de Santana
possui novidades boas.
Reúne muitas pessoas
no dia municipal,
a vaquejada de inverno
se tornou tradicional,
e a festa da padroeira
seu evento principal.
Tem banco, rádio, hospital,
tem Fórum e Delegacia,
um museu amplo e moderno
que a cultura prestigia
para guardar os pertences
do fenômeno da poesia.
Seu comércio contagia,
seu solo produz riqueza,
seu povo planta decência
para colher a nobreza,
quinhentos e dois quilômetros
afastam de Fortaleza.
Tem sindicato e empresa
de notória atuação,
mercantis, mercearias,
lojas de confecção,
gerando renda e emprego
em prol da população.
Conhecida em Maranhão,
São Paulo e Minas Gerais;
Brasília, Manaus e Rio,
Espírito Santo e Goiás,
pela lingüiça caseira
que dona Zenilda faz.
Em cinco de março faz
os anos de Patativa,
vêm cantores, vêm poetas,
integrando a comitiva,
e em prol da arte do verso
todo mundo grita viva!
Agradece ao Patativa
que deu nome ao Ceará,
que cantou fome política
e falou das Diretas-já,
além de Triste Partida,
Vaca Estrela e Boi Fubá.
Explicação: 1 - Alexandre da Silva Pereira
2 - Capitão Antônio Gonçalves de Alencar Tamariana.
3 - Outra fonte de pesquisa indica 1.116 Km².
Endereço do autor:
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Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 15/06/2009
Alterado em 07/09/2009