O SOL AVISTA ABISMADO
A SERRA MOSTRANDO OS SEIOS
Numa manhã orvalhada
uma nuvem branca desce,
de longe a serra parece
uma princesa deitada,
uma réstia atravessada
divide o morro em dois meios,
para evitar arrodeios
procura um caminho errado
-O sol avista abismado
a serra mostrando os seios.
Ou mesmo de tardezinha
por trás de um monte dourado,
o dia se faz finado
e uma noite se avizinha,
esvoaça uma andorinha
dando inícios a seus passeios,
no auge dos galanteios
um arco-íris pousado
-O sol avista abismado
a serra mostrando os seios.
A barra cor de latão
anuncia o novo dia,
a neve mansa e macia
tocando os dedos no chão,
o vento sem direção
bate nos portões alheios
e os bons nevoeiros cheios
deixam o tempo encabulado
-O sol avista abismado
a serra mostrando os seios.
O tempo sai do pretume,
a neve forma um chapéu,
a lua opaca no céu
como quem sente ciúme,
a rama solta o perfume
atendendo os seus anseios,
superando os aperreios
o trovão dá seu recado
-O sol avista abismado
a serra mostrando os seios.
Logo após a escalada
o tempo muda de plano,
o dia passando o pano
no rosto da madrugada,
o silêncio não diz nada,
a brisa perde seus freios,
o orvalho faz asseios
num arvoredo enfolhado
-O sol avista abismado
a serra mostrando os seios.
Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 22/10/2008
Alterado em 24/10/2008