O QUANTO O TEMPO É PERVERSO
Versos espontâneos sobre a ação do tempo, compostos em sextilhas com obediência da deixa, mantendo o rigor da rima e da metrificação.
O tempo é como ilusão
se passa sem ninguém ver,
com suas mãos abstratas
nos atira no sofrer,
tirando toda alegria
sem o dono perceber.
Quem nasce tem que sofrer
esta tal fatalidade,
o tempo tira a infância
e os dias da mocidade,
depois que maltrata entrega
nas mãos cruéis da saudade
Vida de tranqüilidade
e de brinquedos colossais,
nosso tempo de infância
e nossos dias joviais
são maravilhas da vida
que o tempo leva e não traz.
Quem já foi e não é mais
disposto, forte e amado,
medita consigo e diz
meu Deus o tempo é culpado,
e somente a recordação
é foto do meu passado.
O tempo é mesmo malvado,
pega às vezes quem é forte,
primeiro tira a coragem,
tira a saúde e a sorte,
depois termina jogando
nas buraqueiras da morte.
Quando eu deixar de ser forte
não vou botar culpa nele,
o tempo de mim não zomba
eu apenas zombo dele,
nem ele passa por mim
sou eu quem passo por ele.
Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 25/07/2008
Alterado em 20/02/2010