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          EU VOU LEMBRAR AO MACHADO
       QUE SEU CABO É DE MADEIRA



            
Mote em sete sílabas, objetivando a consevação da natureza. Presente está o rigor da rima e da metrificação, com um sentido moderno e sombrio, por militar a persepção figurada. 


Machado, não fique brabo
por lhe dar essas lições,
suas mesquinhas ações
são cruéis que só o diabo;
se o facão cortar seu cabo
talvez a foice não queira
ser mais a sua parceira
nem tê-lo por namorado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

Veja bem, o cavador
tem função bem diferente
vive de plantar semente
para gerar fruto e flor,
também o cultivador
que desfila entre carreira,
como não pratica asneira
por animal é levado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

A enxada apenas corta
a superfície da terra,
serrote somente serra
madeira depois de morta,
com o fim de fazer porta,
guarda-roupa e prateleira,
dá fé de sua besteira
e do seu golpe exagerado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

Veja o tronco do ipê
não se frustra com o fracasso,
tomba mas cede um pedaço
pra dar um cabo a você,
fingindo até que não vê
a sua frase grosseira,
você volta à cordilheira
e faz outro crime malvado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

Sem cabo você não presta
nem sequer para amolar,
não tem aonde pegar
a verdade pura é esta,
vai dar descanso à floresta,
e se entregar à poeira,
a ferrugem comedeira
vai retirar seu pecado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

É certo que você tem
o seu coração de ferro
por isto não sente o berro
quando arrebenta um muquém,
o seu eco vai e vem
de fronteira pra fronteira
como quem rasga a bandeira
que simboliza o estado
-Eu vou lembrar ao machado
que seu cabo é de madeira.

 
Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 24/07/2008
Alterado em 08/12/2013


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