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É TRISTE COLHER O FRUTO 
         DO ÓDIO E DA VIOLÊNCIA.



                       Versos em sete sílabas, os mais usados na literatura popular brasileira. Aqui, eles se apresentam construindo o mote em destaque produzido em maio de 1990, cujo teor descreve as mais freqüentes e variadas formas de violência. 


De intrigas e de questão
a história é sempre triste,
no trânsito é só onde existe
a maior aberração;
caixão atrás de caixão
é saldo da imprudência,
depois vem a conseqüência
em forma de choro e luto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.

Quando uma nesga de terra
é motivo de uma intriga,
surge a semente da briga
nos solos férteis da guerra;
às vezes, quem menos erra
é vítima da inclemência,
respaldo da incidência
da garrucha do matuto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.

Diz certo dispositivo
que quem pratica homicídio
cumpre fora do presídio
seu processo inquisitivo,
é verdadeiro incentivo
que o leva à reincidência;
sem lei, sem jurisprudência,
tem-se o crime por produto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.

Das famosas capitais
em cada esquina, um assalto,
pistola é quem fala alto,
seqüestro ocorre demais;
às vezes, policiais
praticando diligência,
usando da prepotência
agem com aspecto bruto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.

Tantas nações guerreando,
quem quiser provar escute
bomba estourando em Beirute,
Iraque e Irã brigando;
é sangue se derramando
por disputa e concorrência
retrato da indecência
de um povo mesquinho e bruto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.

A violência não está
só na mira da pistola,
também nos bancos da escola
na hora do beabá,
quando a criança não dá
a lição, por inocência,
o mestre sem paciência
bate no seu cocuruto
- É triste colher o fruto
do ódio e da violência.


Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 17/07/2008
Alterado em 21/02/2010


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