Textos


                    
HOJE EU VEJO MEU CABELO 
            DA COR QUE PAPAI USAVA



                    Mote em sete sílabas apresentado pelo autor na abertura de sua palestra no 2º Seminário do Verso Popular promovido pela Academia dos Cordelistas do Crato, no auditório do SESC daquela cidade, em novembro de 2004. Naquela ocasião, o autor falava sobre a evolução histórica da cantoria e, por coincidir aquela data com o Dia dos Pais, ele iniciou este trabalho. As cinco estrofes que seguem fazem parte do poema que se compõe de 11 (onze) e está inserido no livro Cidadania do Repente.


Oh! Deus eu digo obrigado
pelo tempo que vivi,
as coisa que aprendi
me deixam realizado,
a saudade do passado
quando criança eu brincava,
no roçado trabalhava
no carrapicho e no pelo
- Hoje eu vejo o meu cabelo
da cor que papai usava.

Marcas dos anos setenta
conservo em minha lembrança,
eu era ainda criança
meu pai beirava os sessenta,
hoje ultrapasso os quarenta
e o reumatismo me trava,
a barba da cor de fava
e a trunfa parece gelo
- Hoje eu vejo o meu cabelo
da cor que papai usava.

Foi pobre, mas fez história
no mundo da consciência,
durante sua existência
lutou por minha vitória,
hoje guardo na memória
o que ele me ensinava,
e muito me orientava
para evitar desmantelo
- Hoje eu vejo o meu cabelo
da cor que papai usava.

Gostava de cantoria
só andava bem trajado,
quando mandava um recado
o bodegueiro atendia,
negócio que ele fazia
nem com reza desmanchava,
papel que ele assinava
não precisava de selo
- Hoje vejo meu cabelo
da cor que papai usava.

Lembro a tarde empardecida,
na penumbra do oitão
onde eu jogava o pião
numa fruta adormecida,
aquela calça comprida
que no domingo eu usava,
quando tirava, dobrava
e guardava com muito zelo
- Hoje vejo meu cabelo
da cor que papai usava.

Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 13/07/2008
Alterado em 21/08/2008


Comentários