Meu Diário
15/09/2008 14h36
Curiosiosidades da cantoria

 

1. A deixa tem autoria do cantador paraibano, Silvino Pirauá Lima. Pirauá, que foi também criador do martelo agalopado, faleceu em 1913, sem ver prosperar sua inovação. Somente em 1926, em acalorado confronto entre Severino Pinto e Antônio Marinho, na Vila da Prata, no município de Monteiro-PB, foi que o uso da deixa teve sua marca inicial.   

2. A deixa antiga tinha por regra iniciar a estrofe seguinte com a mesma palavra com a qual terminava o último verso do companheiro, e sua inspiração foi embasada na literatura portuguesa.

   3. A primeira grande cantoria, em dupla, de que se tem notícia concreta aconteceu em 1870, na vila de Patos-PB, com Francisco Romano Caluete (Romano do Teixeira) e o escravo gênio, Inácio da Catingueira.

 

4.    O poeta baiano, Gregório de Matos Guerra, teve alguma influência no repentismo nordestino. Estando ele no município de Igaraçu-PE, foi informado de que o juiz daquela comarca mandou prender seu ex-patrão, porque este o chamou de tu. Gregório fez com que o Juiz reparasse seu erro e libertasse o cidadão, apresentando-lhe esses versos:

 

                          Se se trata um Rei por vós

                          e a Deus se chama tu!

                          Como trataremos nós

                          o juiz de Igaraçu?

                          Será tu ou será vós?

                          Será vós? Ou será tu?!

 
  5.  Cantador na Grécia antiga chamava-se menestrel.

 

6.     Guilherme IX foi o primeiro trovador da história do Ocidente.

 

7.     A palavra verso veio do latim - versus – que significa risco do arado

 

8.       Agostinho Nunes da Costa foi o primeiro poeta popular conhecido no interior nordestino, tronco ascendente de várias gerações de repentistas, inclusive do trio de cantadores, os irmãos Batista. Foi o pai de Antônio Hugolino Nunes da Costa e Nicandro Nunes da Costa.

 

A VIOLA

 

 9. A viola é um instrumento de caráter onomatopaico, isto é, emite som que parece com a sua forma. Há quem lhe atribua origem germânica. Foi a viola  o primeiro instrumento do cantador sertanejo.  

 

10. Há notícia da existência da viola, no Brasil, antes do século XVII. Antigamente o cantador, após uma vitória, amarrava uma fita colorida em suas cravelhas.

 

11. Entre, alguns poetas, ainda se preservam superstições: Diz-se que a viola sofre a influência da lua. Na fase da lua nova não se guarda a viola afinada, porque ela pode ficar corcunda, entortar e rebentar as cordas.

 

12. Madeira para viola deve ser cortada nos meses que não contêm a letra “r”: maio, junho, julho e agosto, na fase minguante da lua para nunca apanhar caruncho.

 

13. Há um certo consenso entre os cantadores – que o repentista que se preza não carrega a viola de baixo do braço, e sim, na mão.        

14. A viola foi difundida na Europa no século XIV. Ela   surgiu depois da rabeca medieval e antes da atual família de violinos. É possível que tenha sido o primeiro instrumento de corda que o Brasil conheceu, importado de Portugal. Os Jesuítas a empregavam nos seus trabalhos de catequese junto ao pandeiro, tamborim e a flauta de madeira.

 

15. Apenas três cantadores do passado não faziam uso da viola: Inácio da Catingueira e Fabião das Queimadas, que utilizavam o pandeiro - Cego Aderaldo que utilizava a rabeca.

 

16. BANDEJA - Prato de aça onde se deposita o pagamento pelos gêneros solicitados. Era lembrada, principalmente, no momento do elogio. O elogio tende desaparecer, em face da melhoria do nível dos cantadores e o interesse da própria platéia de ouvi-los cantando assunto que despertem a curiosidade. Em cantoria de bons cantadores, o pagamento geralmente se dá de forma espontâneo. A palavra bandeja está sempre presente nas cantorias, pode até o objeto para arrecadar as ofertas ser outro, mas o nome é sempre bandeja.

 


Publicado por Pedro Ernesto Filho em 15/09/2008 às 14h36