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QUEM NÃO LEMBRA A PALAVRA DE MURILO
CAMPEANDO O PODER DAS MULTIDÕES

 

               
            
  Na reunião do ICVC - Instituto Cultural do Vale Caririense, no dia 13 de novembro de 2010, em homenagem ao Monsenhor Murilo de Sá Barreto, pelos seus oitenta anos de vida que completaria se vivo estivesse. Trata de mote decassílabo, com rima rara no nono verso, numa rápida passagem pela biografia do homenageado. Foi assim que disse o autor:   
       

                
Barbalhense de linha, um ser humano,
que nasceu pra mostrar sabedoria,
trinta e um de outubro foi o dia
e novecentos e trinta foi o ano,
ficou órfão de mãe e, sem engano,
conviveu com momentos de emoções,
sua tia Ironina, em meios bons,
o criou com carinho e com estilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                             

 
Em Barbalha viveu a sua infância
quase em frente à Matriz de Santo Antônio,
agregando na vida um patrimônio
de caráter, virtude e elegância,
sem medir sacrifício nem distância
ingressou no mentor das vocações,
foi no Crato o início das ações
que fizeram da Igreja o seu asilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                             

Transferiu-se depois para Prainha
onde pôde estudar Filosofia,
em seguida cursou Teologia
demonstrando a coragem que ele tinha,
ordenou-se perante a ladainha
que o Crato mantinha em seu refrões,
reunindo diversas gerações
onde o bispo Francisco fez senti-lo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                             
 
Conhecido no sul, norte e agreste,
venerado demais pelo romeiro,
foi apenas um padre em Juazeiro
porém visto Vigário do Nordeste,
Cariri de saudade hoje se veste
procurando lembrar de seus sermões,
emplacava através das orações
um labor pastoral, puro e tranquilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Dedicava atenção paroquial
às visitas fiéis de romaria,
o Nordeste inteirinho o conhecia
pelo grande trabalho eclesial,
amoldava-se ao meio cultural
demonstrando nas suas pregações
que é possível abrandar os corações
com gracejo, verbete e desopilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
   
Foi de Cícero Romão um seguidor
apoiando simpósios para estudo,
em um livro inseriu bom conteúdo
sobre o padre da terra, o fundador,
recebeu o padrão de Monsenhor
com Panico fazendo as saudações,
perfilhando o valor das gratidões
de quem luta com alma e sem vacilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Lecionou nas escolas em Juazeiro,
escreveu pra revistas e jornais,
cinco livros narrou e pelos quais
atraiu a cultura do romeiro,
na Progresso falou ao mundo inteiro
com o programa chamado Dimensões,
sua voz estrondava nas seções
com firmeza, ternura e sem oscilo   
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Seu trabalho repleto de bonança
foi da Vila do Padre até o Horto
o seu verbo de paz e de conforto
instruía o adulto e a criança,
inspirava firmeza e confiança
nos discursos riquíssimos de expressões,
extraindo da fé os embriões
e inibindo as ações de crocodilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Foi um bom Cidadão Juazeirense,
ganhou título também em Maceió,
comprovando não ser por aqui só
seu prestígio católico e cearense,
ensinou como é que o homem vence
as batalhas repletas de traições,
seu perfil oratório nas missões
todo mundo parava para ouvi-lo 
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Dava ênfase às obras sociais
ensinou ao romeiro usar chapéu,
recebeu a medalha por troféu
do Reitor Martins Filho, e de outros mais,
um amigo das plantas e animais,
era um fã de Gonzaga e seus baiões
suas missas, completas de atrações,
foi de Cícero Romão um bom pupilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                            
 
Quando o padre Murilo faleceu
o Nordeste tristonho se enlutou,
o Governo do Estado batizou
o Centro de Apoio com o nome seu,
como prova de que reconheceu
sua luta em favor das intenções,
concentrava as mais sérias discussões
sem temer nem a isto nem àquilo
- Quem não lembra a palavra de Murilo
campeando o poder das multidões.                                             
 

Pedro Ernesto Filho
Enviado por Pedro Ernesto Filho em 03/07/2011
Alterado em 27/12/2012


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